terça-feira, 12 de abril de 2016

a Casa.

     



     Ela sonhava com uma casa ampla e branca. Era sempre essa a cor que via nos seus sonhos. Uma casa cheia de vida onde o sol pudesse entrar sem ter de fazer grandes cerimónias. Uma casa com paredes lisas e brancas com espaço para colocar sonhos, recordações e pensamentos.

     Uma casa com cheiro a casa, com a aparente desarrumação de sítio onde se vive. Ela sonhava com esse sítio todos os dias. Vi-a como o local onde se podia chegar e largar tudo que era mau, deitar o corpo e recuperar o fôlego. 

     Ela queria um chão que existisse de facto, onde devia ouvir ecoar os passos dos que ama de manhã ao acordar e antes de dormir. 


     Ela queria uma casa com um tecto forte onde não entrassem fantasmas nem sombras perigosas. Um templo sem grandes luxos, mas com tudo que é essencial para viver e querer viver mais todos os dias. Ela queria uma casa que fosse uma proteção contra todos os perigos e pesadelos. Uma casa que soubesse o que dizer e se não fosse preciso dizer nada, que soubesse respeitar o silêncio.

     Ela queria essa casa com uma chave dura e inquebrável contra roubos e desilusões. 

     Ela só queria uma casa a "quem" pudesse chamar de: a Casa.